Ciências Sociais: licenciatura ou bacharelado?

O curso de Ciências Sociais permite uma grande variedade de caminhos para os seus alunos, que além de ter de escolher entre Antropologia, Ciência Política e Sociologia, devem também, de acordo com a área desejada, escolher entre o bacharelado e a licenciatura. Na UFMG, os alunos ingressam na opção ABI (Área básica de ingresso), isso significa que o aluno entra no curso inserido no bacharelado e durante a graduação ele pode escolher se mudará seu percurso de bacharel para a licenciatura. No entanto, também existem universidades onde a escolha é feita logo que os estudantes ingressam no curso.

O bacharelado é mais diretamente voltado para a pesquisa científica e para o mercado, em instituições públicas e privadas. Assim, o cientista social pode atuar tanto como analista de dados – inclusive, já tem um texto sobre isso aqui no blog! –  fazer pesquisas de opinião, de políticas públicas e etc, numa atuação mais direta no mercado, como também pode seguir a carreira acadêmica, fazendo um mestrado após a graduação e desenvolvendo pesquisas na universidade e, em algum momento podendo se tornar professor universitário. Nesse sentido, o caminho a ser traçado depende muito dos interesses de cada um, e o curso permite ao aluno se direcionar entre vários segmentos.

Assim, empresas juniores de Sociais, como a Meios, buscam capacitar o aluno a ter a vivência do cientista social que atua diretamente em projetos de impacto social, em pesquisas que envolvem metodologias e análises quantitativas e qualitativas que são abordadas no percurso daquele que opta pelo bacharel.

De outro modo, a licenciatura é voltada para a docência. Quem se forma nessa modalidade pode lecionar, de acordo com a sua trajetória, em escolas, institutos e universidades. A licenciatura pode oferecer várias oportunidades e estágios. Um programa muito conhecido voltado para a Licenciatura é o Pibid, Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência, onde os alunos de graduação recebem bolsas ou atuam voluntariamente em escolas da rede pública de ensino. Na licenciatura, o estudante terá matérias obrigatórias que trabalham a docência na educação básica, e também pode escolher entre vários caminhos e especificações, mestrados e doutorados, voltados para o ensino.

Cabe frisar que, ao optar pela licenciatura, a/o estudante ainda pode participar de projetos que são mais relacionados ao bacharelado, como a Meios, e os trabalhos de pesquisas que não se dedicam a estudar o ensino.

No curso da UFMG, a escolha entre as duas modalidades, licenciatura ou bacharelado, deve ser informada ao colegiado, fazendo que, desse modo, o aluno de cada modalidade tenha dois percursos diferentes de disciplinas obrigatórias. Na licenciatura,  o aluno deve fazer disciplinas como Laboratório de Ensino de Sociologia, Política Educacional e Sociologia da educação, já no bacharelado o aluno deve fazer Metodologia IV e Monografia. No entanto, no caso da UFMG, o bacharelado tem uma quantidade inferior de disciplinas obrigatórias do que a licenciatura, permitindo uma carga muito maior nas disciplinas optativas do curso, que são muito variadas.

Dito isso, é importante ressaltar que existem muitas disciplinas obrigatórias iguais em ambas as variantes, especialmente no início do curso, portanto, também é possível fazer uma modalidade seguida da outra. Assim, ao concluir todas as disciplinas obrigatórias da licenciatura e do bacharelado, bem como a carga de optativas exigida para ambas, o aluno se forma nas duas especialidades.

No momento atual, as Ciências Sociais têm sofrido severos ataques governamentais, por meio de cortes de verbas que minam a produção científica, acabando com muitos projetos e bolsas. Além disso, este é um contexto em que o papel da academia vem continuamente sendo questionado, com o senso comum dando lugar ao conhecimento adquirido cientificamente, em uma realidade de pós verdade. Todavia, esses fatores não devem desencorajar aquelas/es que desejam entrar nas Ciências Sociais, já que esse momento torna ainda mais importante o papel do cientista social. Isso somado ao fato de que o curso oferece ao profissional a possibilidade de se inserir no mercado de trabalho pelas mais variadas áreas, bem como um novo olhar sobre o mundo, dão à pessoa formada nas Ciências Sociais uma infinidade de perspectivas.

Autoria: Leonardo Pinho e Camila Ribeiro 

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